Abandono de animais aumenta na temporada de verão
Quem conhece o Centro de Zoonoses da
Prefeitura de Praia Grande, que funciona no mesmo local do Canil da Guarda
Civil Municipal (GCM), não consegue deixar de reparar na grande quantidade de animais para adoção. Entre eles, está um cãozinho que fez por merecer o nome que recebeu: Valente. Com cerca de um ano de idade, Valente foi atropelado na Via Expressa Sul e teve as duas patas da frente fraturadas. A dor foi tanta que o animal entrou em choque, mas o resgate da GCM deu ao cãozinho uma nova chance.
“Embora essa não seja a função da GCM, o sofrimento do Valente, que gritava muito de dor, tocou o inspetor Marcio Souza Santos, que realizava uma ronda de rotina na área do Palácio das Artes, local próximo ao do atropelamento”, esclarece o inspetor do Canil da GCM, Wagner Geraldo da Silva. “Como já não havia funcionários no Centro de Zoonoses devido ao horário, os guardas levaram o cão até uma clínica parceira, e ali realizaram os primeiros atendimentos”.
“Resolvemos ajudar o animal ao invés de deixá-lo morrer jogado no acostamento, morte que poderia durar horas, dias. Sem duvida, morte com muito sofrimento devido às dores e ao frio. Confesso que inicialmente eu pensei em levá-lo a uma clinica particular e pagar para fazer eutanásia, minimizando o sofrimento, porém na clínica fui informado que ele tinha a chance de sobreviver. Fiz a ficha em meu nome e pedi para a doutora tentar salvá-lo”, lembra o inspetor da GCM, Souza Santos, responsável pelo resgate de Valente.
Após receber tratamento de suporte para a dor e realizar um raio-X, Valente foi encaminhado à Divisão de Controle de Zoonoses, onde foi atendido pela veterinária-chefe Maria Fernanda Gonçalves. Recuperado, Valente faz exercícios e toma banhos de sol diariamente, e está abrigado no Canil. “O Valente recebeu doação por parte da clínica do Dr. Gilberto Tempaku, que fez o primeiro atendimento, de todos os medicamentos específicos para dor que precisou. A clínica também se dispôs a fazer uma cirurgia para que Valente recuperasse os movimentos das patas dianteiras, mas não foi necessário. É um cão muito dócil, ideal para crianças. Ainda não completou dois anos e é muito
inteligente. Já até responde a alguns comandos, ensinados pelos treinadores do
Canil da GCM”, brinca a veterinária, lembrando: por sua história, o cãozinho
merece um bom lar.
Abandono – Segundo Maria Fernanda, o número de
animais abandonados no Município cresce consideravelmente durante a temporada
de verão, nos meses de janeiro a março. “As pessoas querem viajar ou receber
parentes e amigos em casa, e simplesmente abandonam seus animais. O mais
importante é a consciência de que um animal não é um objeto que pode ser
descartado a qualquer momento”, enfatiza Maria Fernanda, lembrando que abandono
e maus-tratos de animais são crimes previstos em lei.
“A Zoonoses é um centro de saúde pública,
que recolhe animais apenas visando a segurança da população, não um abrigo.
Mesmo assim, ainda realizamos alguns resgates de animais atropelados ou que
estejam em situação de maus-tratos, que são cuidados, castrados e
disponibilizados para adoção”.
Atualmente o Centro de Zoonoses de Praia
Grande possui 39 gatos, 80 cães adultos e 15 filhotes para adoção, além de 11
animais em
tratamento. Interessados em adotar um animal podem comparecer
no Centro de Zoonoses das 9 às 17 horas, munidos de RG, e assinar um termo de
responsabilidade. Os animais são entregues saudáveis e castrados, e visitas de
monitoramento podem ser feitas, caso haja necessidade.
Crime – Abandono e maus-tratos de animais são
crimes previstos em lei e passíveis de punição. Atualmente o Centro de Controle
de Zoonoses de Praia Grande mantém um canal direto com a Promotoria de Justiça
do Estado do Município para punir casos de abandono, maus-tratos ou omissão de
socorro. “Muitos animais são abandonados em frente à Zoonoses, e estamos usando
imagens da Central de Videomonitoramento
para identificar e punir os infratores. Quem presenciar casos de
maus-tratos ou omissão de socorro a animais atropelados, por exemplo, pode
anotar o número da placa do veículo e se dirigir ao Centro de Zoonoses munido
de RG e CPF”, esclarece Maria Fernanda.
A partir da denúncia, o
centro elabora um relatório, que é enviado à Promotoria do Estado, gerando
abertura de inquérito policial para identificação dos infratores. A pena pode
variar de multa a um ano de reclusão, dependendo do crime.
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