quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Grupo ensina pessoas a lidar com parentes com alzheimer

Profissionais ensinam métodos que ajudam no relacionamento com o doente


“Poucas pessoas estão preparadas para a responsabilidade e para a sobrecarga que é cuidar de um paciente portador da doença de alzheimer”. Estas são as considerações iniciais do livro “Você não está sozinho”, produzido pela Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz). A publicação foi entregue nesta quarta-feira (5) durante uma capacitação realizada no Centro Conviver, no bairro Guilhermina, para familiares, cuidadores e pessoas com a doença.
Mais de 40 pessoas participaram das atividades, que começaram com exercícios de alongamento, partindo depois para oficinas de memórias. De forma descontraída, idosos e pessoas que têm familiares com alzheimer se integraram às brincadeiras, ministradas pela equipe de profissionais de saúde, do Centro de Especialidades Médicas e Ambulatoriais (Cemas).
Para aguçar a memória dos participantes foram usadas imagens de artistas e personagens da política. Com palavras-chave, a terapeuta ocupacional Mirela Chaves pedia que os idosos lembrassem de uma música. Cantigas populares, marchas carnavalescas e MPB logo eram cantadas por alguns deles e todos acabavam fazendo coro com as canções. “É muito gratificante fazer este trabalho porque a gente vê o quanto essas pessoas se sentem bem com as brincadeiras”, disse.
Ílio Doretto, 66 anos, já sofreu três acidentes vascular cerebral e agora toma medicamentos para controlar o alzheimer. “Gostei muito das atividades e seria bom que isso se repetisse mais vezes”, comentou. A esposa dele, Olga Conceição do Carmo, foi quem o levou ao evento. Ela participa ativamente de programações feitas no Cemas e considera importante a capacitação. “A gente aprende a conhecer o comportamento da doença e como reagir com a pessoa. Isso melhora muito o relacionamento”, salientou.
Motivação - A dificuldade em enfrentar a doença foi o que levou Maria Ederviges Guerrreiro Arakava a buscar o treinamento com a equipe de profissionais. A dona de casa revelou que teve de deixar a mãe, de 80 anos, em uma casa de repouso porque não sabia como lidar com o problema. “Quando passei a visitá-la todos os dias, fui orientada a não aparecer com tanta frequência na unidade porque minha conduta, talvez pelo envolvimento emocional, estava sendo prejudicial a ela”.
Ao aprender a lidar com a doença, Maria Edervirges passou a usar a habilidade no serviço voluntário do Hospital Irmã Dulce. Outra cuidadora, Piedade Alzirina de Faria Abreu, teve a mesma motivação quando procurou pela capacitação: queria aprender a se relacionar com um membro da família que também tem alzheimer.
Não é difícil descobrir maneiras de ser agradável e entender o comportamento de um doente. Pelas brincadeiras ministradas, bastante boa vontade e muita alegria, a equipe do Cemas está ensinando pessoas a experimentar um modo diferente de suportar as mazelas do mal de alzheimer. É uma prática louvável e que, certamente, produz resultados óbvios e muitos outros não visíveis. Estas pessoas demonstraram ser realmente gratas ao grupo de profissionais, composto pelas fisioterapeutas Ana Luisa Rodani e Tatiane Vieira, além da assistente social Luciene Oliveira Dutra, e da estagiária de serviço Social, Paula Bernardino dos Santos Silva.
As atividades voltadas ao grupo de Alzheimer começaram em março de 2010 e tem como objetivo capacitar familiares dos portadores da doença e seus cuidadores, nas unidades básicas de saúde. Cerca de 50 pessoas já foram treinadas pela equipe, que conta ainda com um médico e uma nutricionista.
A equipe recebeu os livros sobre Alzheimer, CDs educativos e outros apoios do laboratório Novartis.
Interessados em participar dos próximos grupos a serem montados podem ligar para os seguintes números: 3496-5251/3496-5244. Os treinamentos ocorrem na sede do Centro de Especialidades Médica, Ambulatorial e Social, que fica na Avenida Presidente Kennedy, 1.491, no Boqueirão.


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