Profissionais ensinam métodos que
ajudam no relacionamento com o doente
“Poucas pessoas estão preparadas para a
responsabilidade e para a sobrecarga que é cuidar de um paciente portador da
doença de alzheimer”. Estas são as considerações iniciais do livro “Você não
está sozinho”, produzido pela Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz). A
publicação foi entregue nesta quarta-feira (5) durante uma capacitação realizada
no Centro Conviver, no bairro Guilhermina, para familiares, cuidadores e pessoas
com a doença.
Mais de 40 pessoas participaram das
atividades, que começaram com exercícios de alongamento, partindo depois para
oficinas de memórias. De forma descontraída, idosos e pessoas que têm familiares
com alzheimer se integraram às brincadeiras, ministradas pela equipe de
profissionais de saúde, do Centro de Especialidades Médicas e Ambulatoriais
(Cemas).
Para aguçar a memória dos participantes
foram usadas imagens de artistas e personagens da política. Com palavras-chave,
a terapeuta ocupacional Mirela Chaves pedia que os idosos lembrassem de uma
música. Cantigas populares, marchas carnavalescas e MPB logo eram cantadas por
alguns deles e todos acabavam fazendo coro com as canções. “É muito gratificante
fazer este trabalho porque a gente vê o quanto essas pessoas se sentem bem com
as brincadeiras”, disse.
Ílio Doretto, 66 anos, já sofreu três
acidentes vascular cerebral e agora toma medicamentos para controlar o
alzheimer. “Gostei muito das atividades e seria bom que isso se repetisse mais
vezes”, comentou. A esposa dele, Olga Conceição do Carmo, foi quem o levou ao
evento. Ela participa ativamente de programações feitas no Cemas e considera
importante a capacitação. “A gente aprende a conhecer o comportamento da doença
e como reagir com a pessoa. Isso melhora muito o relacionamento”, salientou.
Motivação - A
dificuldade em enfrentar a doença foi o que levou Maria Ederviges Guerrreiro
Arakava a buscar o treinamento com a equipe de profissionais. A dona de casa
revelou que teve de deixar a mãe, de 80 anos, em uma casa de repouso porque não
sabia como lidar com o problema. “Quando passei a visitá-la todos os dias, fui
orientada a não aparecer com tanta frequência na unidade porque minha conduta,
talvez pelo envolvimento emocional, estava sendo prejudicial a ela”.
Ao aprender a lidar com a doença, Maria
Edervirges passou a usar a habilidade no serviço voluntário do Hospital Irmã
Dulce. Outra cuidadora, Piedade Alzirina de Faria Abreu, teve a mesma motivação
quando procurou pela capacitação: queria aprender a se relacionar com um membro
da família que também tem alzheimer.
Não é difícil descobrir maneiras de ser
agradável e entender o comportamento de um doente. Pelas brincadeiras
ministradas, bastante boa vontade e muita alegria, a equipe do Cemas está
ensinando pessoas a experimentar um modo diferente de suportar as mazelas do mal
de alzheimer. É uma prática louvável e que, certamente, produz resultados óbvios
e muitos outros não visíveis. Estas pessoas demonstraram ser realmente gratas ao
grupo de profissionais, composto pelas fisioterapeutas Ana Luisa Rodani e
Tatiane Vieira, além da assistente social Luciene Oliveira Dutra, e da
estagiária de serviço Social, Paula Bernardino dos Santos Silva.
As atividades voltadas ao grupo de
Alzheimer começaram em março de 2010 e tem como objetivo capacitar familiares
dos portadores da doença e seus cuidadores, nas unidades básicas de saúde. Cerca
de 50 pessoas já foram treinadas pela equipe, que conta ainda com um médico e
uma nutricionista.
A equipe recebeu os livros sobre Alzheimer,
CDs educativos e outros apoios do laboratório Novartis.
Interessados em participar dos próximos
grupos a serem montados podem ligar para os seguintes números:
3496-5251/3496-5244. Os treinamentos ocorrem na sede do Centro de Especialidades
Médica, Ambulatorial e Social, que fica na Avenida Presidente Kennedy, 1.491, no
Boqueirão.
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