Guardas e cães se unem para levar amor e alegria aos
pacientes do Hospital Municipal Irmã Dulce
Quem observa o inspetor Wagner Geraldo da
Silva interagindo com crianças internadas na Pediatria do Hospital Municipal
Irmã Dulce, ao lado da border collie Serena, não o associa ao setor de segurança
pública, mas ele trabalha na Guarda Civil Municipal (GCM) de Praia Grande.
Incentivadas pelo inspetor, as brincadeiras de Serena ajudam pacientes infantis
e adultos a enfrentar o processo de internação com mais tranquilidade, revelando
que segurança e saúde podem caminhar juntas. Nos momentos de visita da mascote,
que atua no projeto Pet Terapia (ou terapia assistida com animais) do Irmã
Dulce, surge um lado da guarda pouco conhecido da comunidade.
No I Encontro Regional de Pet Terapia
Hospitalar do Complexo de Saúde Irmã Dulce, realizado na terça-feira (4) no
anfiteatro do hospital, o inspetor contou sobre a participação do Canil da GCM
na pet terapia, inicialmente com o labrador Chocolate, atualmente com Serena.
Brincalhão, o labrador foi reprovado no quesito incontinência urinária, já que
machos costumam urinar para marcar território: “Acho que Chocolate ‘batizou’
todos os cantos do hospital”, brincou. “A Serena é um pouco hiperativa, mas
buscamos achar o ‘timing’ dela.”
Para fazer a terapia assistida, os cães
passam por uma avaliação prévia que verifica que correspondem ao perfil
necessário, tendo que ser dóceis e obedientes. A próxima etapa é passar por
treinamento. Estando com a saúde perfeita, vacinados e vermifugados, eles tomam
banho e têm as patas higienizadas antes de entrar no hospital. Os cães que fazem
pet no Hospital Guilherme Álvaro (HGA), como a golden retriever Lea, também
presente no encontro, usam até sapatos especiais.
Curso - A convite da fonoaudióloga Eliane Selma do Valle Blanco,
responsável pela pet terapia no Hospital Irmã Dulce, o Canil da GCM aceitou ser
parceiro e demonstrou, na pessoa do inspetor Geraldo, interesse em aperfeiçoar a
ação, participando de curso sobre zooterapia da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da USP, em Pirassununga (SP).
Outra iniciativa foi uma mudança visual. Para
se apresentar de forma mais leve às crianças, a guarda inovou com uma camiseta
azul clara com a inscrição “Canil” ao invés da tradicional farda escura, que
permanece na calça e coturnos.
Triste pela morte do rottweiler Blade na
semana anterior, cão da guarda que ficou nacionalmente conhecido por aparecer
num programa de televisão, o inspetor Geraldo citou momentos marcantes em suas
visitas com Serena ao Irmã Dulce. “Lembro de uma senhora idosa que chorou quando
viu a Serena porque se lembrou do animal que ela teve. Emocionou-se ao reviver
um momento da vida dela”, citou. “E de um amigo bombeiro internado aqui, um
homem forte, que reagiu com tanta alegria quando viu o animal que quase pulou da
cama.”
A médica Lessina Coelho Reis e Silva, que
levou a golder Lea e o poodle Lumpy, ambos cães-terapeutas no HGA, observou que
o animal tem o poder de fazer emergir a espontaneidade das pessoas, inclusive de
profissionais que vivenciam momentos difíceis. Contou que certa vez chorou com
uma criança que chorava por querer ficar com o cão. “Ficamos frios diante de
algumas situações”, pontuou. “Não conseguia me lembrar da última vez que havia
chorado. Aquela criança chorava de forma tão límpida que eu tive oportunidade de
voltar a sentir coisas que já não conseguia sentir por conta do trabalho.”
Representantes das Guardas Civis de Santos e
São Vicente compareceram ao I Encontro Regional de Pet Terapia Hospitalar do
Irmã Dulce, promovido pela Comissão de Humanização do complexo. Para o inspetor
Geraldo, aumenta o interesse nessa atuação: “Nosso foco é a recuperação dos
pacientes. Espero que, com este evento, a pet terapia hospitalar tome uma
proporção maior na região”.
Fazendo um balanço positivo do encontro, a
Comissão de Humanização espera realizar o segundo evento do tipo em 2012,
reunindo não apenas hospitais da Baixada Santista, mas também outros de São
Paulo e região, gerenciados pela Fundação do ABC (FUABC). “O intuito foi chamar
atenção para a importância terapêutica da pet terapia hospitalar, já que no Irmã
Dulce temos resultados excelentes com a Satine e a Serena. Inclusive, queremos
ampliar o projeto com novos animais e voluntários”, avaliou a coordenadora da
comissão, Nádia Regina Almeida Manzon. “Esperamos contar com um número maior de
hospitais participantes e ampliar a programação no próximo ano.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário