quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Jovem larga as ruas e se destaca na canoagem

Renata dos Anjos conheceu o Navega SP através do Peti
De catadora de papelão a campeã brasileira de canoagem em 2011, isso com apenas 15 anos de idade. Essas foram as remadas na vida dada por Renata dos Anjos de Jesus, moradora do Bairro Nova Mirim. Atendida pelo Programa de Erradicação ao Trabalho Infantil (Peti), unidade do Melvi, a jovem conheceu o projeto Navega SP há seis anos, e viu na modalidade a possibilidade de um futuro melhor, quem sabe até defendendo as cores da seleção brasileira.
A conquista do primeiro lugar no Campeonato Brasileiro de Canoagem ocorreu em outubro, na cidade de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Na ocasião, a jovem promessa subiu ao degrau mais alto do pódio disputando a categoria sênior, com atletas de 15 a 24 anos. “O Navega SP é uma experiência maravilhosa na minha vida. Quando comecei era tímida. Não ia para as disputas. Agora, tudo que pude conhecer, lugares como Angra, Niterói, Ilhabela, entre outros, foi através do esporte”, destacou.
Além do Campeonato Brasileiro, a jovem já conquistou também o Paulistão e foi vice-campeã nos Jogos Abertos do Interior. As vitórias já trouxeram resultados positivos a Renata. A partir de janeiro ela será beneficiada com a bolsa-atleta, repassada pelo governo estadual. “Antes de entrar aqui, sonhava em ser modelo. Agora não me vejo fazendo outra coisa a não ser a canoagem”, completou.
Após conquistar o país, Renata já sonha com outro feito. No ano que vem ela pretende participar do Campeonato Mundial, que será realizado nos Estados Unidos. “Eles querem me encaixar nesta competição. Pra te falar eu já sonho com essa oportunidade, pois será a maior experiência da minha vida. Espero aos poucos firmar meu nome e, quem sabe, representar o Brasil em uma olimpíada futuramente”, vislumbrou.
Início – Antes de ser atendida pelo PETI, Renata catava papelão e latinhas de alumínio em companhia do irmão mais velho. Os dois ajudavam a mãe no “serviço”, para conseguirem dinheiro para comprar mantimentos. “Até então minha vida era confusa e difícil. Passei dificuldade e fome muitas vezes. A gente comia resto de lixo. Na necessidade, nós pegávamos aquilo que dava para se alimentar. E o Peti ajudou a minha família. Se não fosse ele eu não estaria no Navega SP. Hoje meus pais trabalham e agora temos uma vida bem diferente”.
Já no Navega SP, a história da jovem começou pela televisão. Em casa, a canoísta viu uma matéria sobre o programa e comentou com os pais que gostaria de praticar o esporte. Depois, por intermédio de seu irmão, ela passou a ser atendida pelo PETI e, em um passeio realizado pela unidade, conheceu pessoalmente o que tinha visto na tevê. “Foi quando conversei com minha mãe e pedi para entrar”, lembrou a esportista.
Programa – Renata está entre os 275 jovens e um pouco mais de cem famílias atendidas pelo Programa de Erradicação do Trabalho Infantil. Frequentadora na unidade do Bairro Melvi, ela recebe acompanhamento da pedagoga Márcia Franco Fernandes. “A Renata era muito tímida, inclusive quando chegou no Peti ficava meio de canto, mas a gente já percebia que ela sabia se comunicar bem. E aqui, com o apoio do professor Silvio Belo, a Renata mostrou que tem um futuro brilhante pela frente”, enfatizou.
“A gente vê que ela quer seguir carreira e tem buscado isso diariamente. Principalmente porque está estampado no rosto da Renata que gosta do que faz e isso é muito bom”, continuou Márcia Fernandes, que ao falar sobre a jovem demonstrava a todo o momento a admiração pela atleta. “É muito gratificante, por que o nosso trabalho trata diretamente com as crianças e a família como um todo, criando assim o vínculo com eles. Por isso, é muito bom ver que através de nós os jovens descobriram uma carreira e, consequentemente, que consigam sonhar com um futuro melhor”.
De acordo com a pedagoga, o Programa de Erradicação ao Trabalho Infantil oferece a oportunidade aos jovens de conhecer uma série de atividades, como no caso do Navega SP. “Pra eles, o programa tem uma importância muito grande. São crianças e adolescentes que vieram de uma realidade muito difícil, que não teriam condições de praticar a modalidade sem ser pelo Peti”, finalizou.

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