quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Movimento no PS Quietude aumenta 60%, em agosto

Média diária foi de 800 atendimentos. Este ano, até julho, foi de 500/dia



O último censo do IBGE aponta que Praia Grande é a cidade que mais cresce no Litoral Paulista. Por isso, precisa investir cada vez mais em algumas áreas e a saúde tem sido uma das preocupações do Governo Municipal. Até julho, o PS Quietude registrava uma média diária de aproximadamente 500 atendimentos. Durante todo o mês de agosto, o movimento aumentou 60%, com pelo menos 800 pessoas diariamente na unidade.

Segundo a supervisora do pronto-socorro, Ledinéia dos Santos Fernandes, não há outra explicação para a demanda senão o desenvolvimento da Cidade. "Felizmente, temos profissionais preparados para lidar com uma rotina assim, mas o que sobrecarrega o serviço muitas vezes são problemas que não são de nossas competências", salienta.

Segundo a Sesap, mesmo priorizando os investimentos no setor, eles tornam-se insuficientes quando a população não colabora ou contribui para o aumento da demanda por serviços. Isso é o que vem sendo observado no Pronto-Socorro do Jardim Quietude, onde é frequente o abandono de pacientes, muitos deles idosos, por seus familiares.

A enfermeira Ana Célia da Silva é responsável pelo atendimento de pacientes do repouso, do PS Quietude, e se depara com situações intrigantes quase toda semana. Idosos, portadores de transtornos mentais e dependentes químicos são resgatados por ambulâncias e abandonados na unidade por seus parentes. Sem contato com os responsáveis por estas pessoas, funcionários precisam se desdobrar, alternando a atenção entre esses pacientes e os novos atendimentos.

Para lidar com o descaso, a funcionária passou a acionar os orgãos competentes. Quando se trata de idosos, chama o Conselho Municipal do Idoso, que denuncia os casos pelo crime de abandono de incapaz. "Resgatamos uma mulher de 90 anos, que há dias estava em casa ferida e com fezes já endurecidas pelo corpo. Com o chamado de vizinhos, fomos buscá-la e só após 10 dias os filhos apareceram, bem vestidos, por sinal. A idosa, que estava lúcida, disse ser dona do imóvel onde morava e de outros dois na Capital. Ao ver os filhos, os acusou por só se interessarem pelos bens dela", contou.

De acordo com a médica responsável pelo PS Quietude, Taís Gago Jordão, a unidade vem sendo alvo da transferência da responsabilidade pelo cuidado de um familiar incapaz. "Não estamos nos negando a atender, o problema é que as pessoas sequer aparecem para saber como estão seus parentes. Eles acionam a ambulância e ficam monitorando à distância para não se comprometerem. Quando o paciente tem alta, muitas vezes acaba voltando para o PS porque é novamente abandonado em casa", revela.

Em um dos casos mais recentes, também de uma idosa - que além da fragilidade é usuária de drogas - os parentes chamaram uma ambulância. A mulher apresentava um corte na cabeça e também estava suja. Da mesma forma, a família não apareceu para vê-la, se reservando a buscar uma permanência mais prolongada da paciente na unidade.

Para a médica, a situação requer uma postura mais firme para com os familiares. "Eles precisam saber que são os responsáveis pelos cuidados mínimos dessas pessoas. Por não terem tempo para alimentar, dar banho e fazer a limpeza íntima de seus familiares, repassam a função para os profissionais de saúde", reclama Taís.

Reforma
– Para atender melhor a população e estar em condições de lidar com o crescente movimento na unidade, a Prefeitura está revitalizando o local, revestindo paredes de consultórios, instalando condicionadores de ar e trocando toda a mobília. As equipes também estão aumentando e, nos próximos dias, o pronto-socorro contará com mais nove auxiliares de enfermagem.

Para ajudar em atendimentos diversos como banho em pacientes, corte de unhas e de cabelos, o PS conta com a ajuda de um grupo com mais de 20 voluntários, que também fornecem alimentos e fraldas para idosos e crianças, além de produtos de higiene pessoalprodutos que são provenientes de doações ou adquiridos com recursos dos próprios voluntários.

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