Pacientes passam o dia no local e
muitos já se recuperaram e levam vida normal
Um serviço público especial, que cuida de
pessoas com transtornos mentais, está completando 8 anos de atividade, com
muitas histórias de sucesso. Na sexta-feira (7), a partir das 9 horas, o Centro
de Atenção Psicossocial (CAPS) vai preparar uma modesta comemoração para os
cerca de 50 homens e mulheres atendidos na unidade. O número é reduzido porque
muitos dos que já passaram por ali evoluíram para uma vida bem melhor.
O Caps funciona quase como um hospital-dia,
em que o paciente chega pela manhã na unidade, onde permanece sob tratamento, e
é liberado no final da tarde. No local são realizadas atividades terapêuticas
ocupacionais e físicas, além da administração de medicamentos. Para quem tem
dificuldade de locomoção, um veículo apanha e devolve os pacientes em suas
residências.
Todos os funcionários, desde o motorista ao
médico, criaram um relacionamento bastante amigável com cada um dos pacientes.
Segundo a enfermeira Marta Maria Nascimento Barbosa, o laço emocional é
fundamental no tratamento. “O carinho que temos por cada um deles é muito
grande. Não se pode esperar bons resultados no quadro desses pacientes se não
houver esse sentimento”, disse.
Quando chegam ao Caps, os pacientes podem
optar por várias ocupações, como caminhar, fazer pinturas ou artesanato,
conversar ou até dormir. De acordo com a enfermeira, muitos chegam à unidade em
situações de surto, quase incontroláveis. Após serem atendidos e terem os
devidos encaminhamentos, entram nas terapias que podem ser consideradas
milagrosas, em muitos casos. Três exemplos são de jovens levados para lá em
quadro de surto psicótico. Depois de serem internados, retornaram ao caps.
De acordo com a enfermeira Marta, os três
rapazes hoje levam uma vida normal. “Um deles trabalha como estoquista em um
grande supermercado da Cidade e outro exerce a profissão em outra empresa no
setor de informática. O terceiro também se recuperou muito bem, graças a Deus.
Estas são somente algumas das demonstrações do trabalho que todos os
profissionais prestam aqui”, comentou.
Há problemas no setor, como em todos outros
serviços públicos do País, mas o que mais prejudica o trabalho dos profissionais
é a contrapartida da família. Conforme o médico responsável pela Atenção em
Saúde Mental, Sérgio Paulo de Almeida Nascimento, muitas vezes a família não
sabe lidar com o problema dos parentes. “Algumas pessoas transferem o cuidado
pelo familiar ao Município. Mas, na recuperação, a família tem um papel muito
importante e não há como se furtar dessa responsabilidade”, salientou.
Por isso, em muitos casos, é preciso educar
e até tratar os membros da família do paciente. Por esse motivo, para fortalecer
o vínculo com os pacientes, familiares e a equipe de profissionais, o Caps
realiza durante o ano eventos em comemoração a datas especiais como carnaval,
dia das mães, páscoa e festa junina.
Nos próximos meses, a Secretaria de Saúde
Pública (Sesap) colocará em funcionamento outras duas unidades semelhantes, o
Caps “i” e o Caps AD, que terão tratamento voltado a crianças, jovens e adultos
com dependência de álcool e drogas, também no Boqueirão. A unidade atual recebe pacientes adultos
portadores de distúrbios mentais, como esquizofrenia, neuroses, psicoses,
transtornos e depressão. A indicação é feita por médicos das unidades básicas de
saúde, que encaminham os casos ao Ambulatório de Saúde Mental, responsável pela
triagem.
Histórico - Em 2004,
Praia Grande era o município da Baixada Santista que mais internava pacientes em
hospitais psiquiátricos de outras cidades. Com a criação do Caps, que passou a
funcionar naquele mesmo ano com o atendimento de pessoas com transtornos mentais
em sistema de hospital-dia, esse quadro sofreu uma reversão e atualmente
apresenta resultados positivos.
Além de investir num modelo centrado na
integração do paciente à sociedade, Praia Grande é uma das poucas cidades da
região que mantém leitos psiquiátricos em seu hospital municipal, uma iniciativa
que teve início em 2005, com o atendimento de pacientes em surto.
O Caps fica na Rua Cidade de Santos, nº 89,
Bairro Boqueirão.
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