terça-feira, 4 de outubro de 2011

Morre Blade, o cão da CGM que fez história em Praia Grande

Vítima de câncer, animal morreu na sexta-feira (30) 

Durante seis anos, a amizade deles superou barreiras e surpreendeu muitas pessoas. Os dois provaram que a confiança e o amor são capazes de romper fronteiras e conseguiram elevar a auto-estima de uma corporação e divulgar para todo o Brasil o nome de uma cidade de mais de 260 mil habitantes. A amizade entre o cão rottweiler Blade e o treinador do canil da Guarda Civil Municipal de Praia Grande Marcio Rogério Santos da Silva teve fim na sexta-feira (30), com a morte do cão, vítima de câncer. No entanto, o companheirismo dos dois ficará na história do Município e no coração dos Guardas, em especial do GCM Santos.
Emocionado, o treinado lembra de seu encontro com o rottweiler. “Ele chegou já tinha um ano. O dono dele estava com problemas porque o animal era muito violento, estava mordendo todo mundo na família e não sabia mais o que fazer, então queria doar ou fazer eutanásia. Na época estava sem cão. Quando o vi percebi que era muito agressivo. Disse ao meu inspetor que não dava e o recusei. Então ele disse que tinha mais dois GCMs esperando por um cão e se eu não o pegasse ia para o fim da fila. Fiquei com o Blade, que na época se chamava Aquiles, na verdade quase que forçado. Depois que comecei a trabalhar com ele o adestramento inteligente, à base de motivação, ele começou a se adaptar bem e mostrou a qualidade para fazer show dog, mas depois de um tempo, numa operação força tarefa ele mordeu um colega de trabalho, ai o canil achava que ele não se encaixava nos padrões e seria doado”.
Mas o treinador, apesar da insistência de Blade em ser violento, não desistiu. “Em 2004 levamos o Blade para São Caetano do Sul, num curso de cinofilia que durou 15 dias. Lá ele foi submetido a vários testes e os profissionais o aprovaram. Acharam que ele era violento, mas nos ensinaram a utilizar técnicas para melhorar isso. Ele melhorou tanto que conseguimos fazer até ele ficar com crianças”, comemora Santos.
Sobre seu relacionamento com o cão, Santos define como amizade verdadeira. “Tínhamos uma relação de amizade, de cumplicidade. O Blade era muito fiel, muito leal. Ele tinha dificuldade de se relacionar com outras pessoas e tinha uma ligação muito forte comigo, quando ele me via ficava muito feliz. Durante seis anos foi como se eu criasse um filho. Ele me trouxe muita felicidade, no meu trabalho como adestrador foi um selo de qualidade. Ele fez o canil da GCM ser reconhecido não só pelo campeonato da televisão, mas pelos outros campeonatos que ele participou. As pessoas começaram a reconhecer o canil de Praia Grande como um canil de qualidade, competente. Ele teve uma passagem rápida, mas marcante. Aonde nós vamos todo mundo pergunta dele, as crianças vêem os outros cachorros e sempre perguntam: é o Blade?”.
Órfão de amigo e de parceiro de trabalho, Santos aguarda o nascimento do filhote de Brutus, outro rottweiler do canil, do GCM Flávio Alves da Silva que deve nascer em aproximadamente dois meses. “Vou escolher um na matilha, o mais forte e darei o nome de Aquiles, em homenagem ao Blade, que me deixou uma lição de superação: primeiro que não era nem para estar na GCM, depois o aceitei quase que obrigado; depois mais uma vez foi rejeitado pelo grupo, ia ser doado e então foi aceito novamente no grupo e depois de tudo isso ele trouxe maior prestigio para GCM e para Cidade. Por fim ganhou campeonatos e foi sucesso com as crianças. Ele é um exemplo de superação. Saiu da rejeição para glória!”.
Doença – Santos explica que a GCM tem convênio com uma clínica e que os cães fazem exames periódicos e tomam vacinas. Nunca foi realizado um exame especifico para câncer, mas o treinador percebeu que os pulos altos que o cão dava foram diminuindo, mas ele acreditou que fosse pela idade. “Mas há uns 15 dias ele começou a vomitar, não comia bem e ele sempre foi guloso. Levamos ao veterinário e a ultassonografia acusou câncer no baço e já tinha atingido o fígado. O veterinário deu no máximo um ano de vida e não podia operar, o jeito era fazer quimioterapia. Íamos tentar fazer a quimioterapia, mas não queríamos que ele sofresse, mas tentaríamos, só que na sexta-feira ele morreu. Foi muito rápido”.


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