Museu da Cidade homenageia doadores do Acervo de História Oral

Evento reuniu personalidades da história do Município

A história de Praia Grande invadiu o prédio do Palácio das Artes na segunda-feira (7), durante o encerramento do VI Encontro Metropolitano de Preservação do Patrimônio Cultural. Na cerimônia, que contou com autoridades do Município e apresentações de música e teatro, o Museu da Cidade homenageou os 51 colaboradores do projeto “Memórias de Praia Grande”, que coleta entrevistas em vídeo e gravações de imagens e áudio antigas para compor a história da Cidade através do olhar de quem a viveu.

“Somos uma cidade jovem, que olha para a frente, mas sem esquecer o seu passado. Mais do que valorizar a História, o projeto do Museu da Cidade resgata a identidade de cidadãos que participaram ativamente da construção de nosso Município. São depoimentos que nos contam muito mais do que podemos aprender nos livros, porque são testemunhos de uma época que não volta mais. Em 2020, a perspectiva é que Praia Grande seja a maior cidade a Região Metropolitana da Baixada Santista, e chegaremos lá com cidadãos conscientes do valor de sua história, graças ao depoimento dos cidadãos que estão aqui hoje sendo homenageados”, comemorou o prefeito de Praia Grande, Roberto Francisco.

Um dos únicos museus da região que disponibiliza esse tipo de acervo para livre consulta – apenas o Museu da Cidade e a Fundação Arquivo e Memória de Santos possuem este tipo de recurso – o Museu da Cidade trouxe ao palco do Teatro Serafim Gonzalez personagens como Circe Toschi, matriarca de uma das famílias mais tradicionais da Cidade, e uma das principais doadoras de acervo do Museu da Cidade. Emocionada, Circe, prestes a completar 90 anos, relembrou os tempos em que chegou ao Município, 1924, quando seu pai, Heitor Sanchez, adquiriu terras na área onde hoje é o bairro Guilhermina. “Praia Grande para mim é tudo. É minha vida. Participei da vida dessa cidade e ela é parte da minha vida. Não me imagino em outro lugar”.

Também presente entre os homenageados, o ex-prefeito Alberto Mourão relembrou o início do projeto, durante sua gestão, em 1999. “Nós sabíamos que era um trabalho extremamente importante, e iniciamos mesmo ainda não tendo um local adequado para arquivar esse material. Às vezes encontrávamos dificuldades em fazer com que os moradores da cidade doassem objetos que para eles tinham valor emotivo, mas a equipe da então Secult, atual Sectur fez um trabalho de formiguinha admirável. Hoje podemos nos orgulhar não só do extenso arquivo de documentos e objetos do Museu da Cidade, mas também de um acervo de depoimentos emocionantes. Me sinto honrado em participar de tudo isso”, completa.

Outro ex-prefeito homenageado como doador do acervo foi Dorivaldo Lória Junior, o Dozinho. Com gestão anterior à de Mourão, suas principais lembranças remetem à construção da Ponte do Mar Pequeno e à inauguração da água encanada no Município. “Todos nós somos parte de um processo que culminou com a Cidade que temos hoje. Nós passamos, a Cidade segue adiante, como resultado de um pouquinho do nosso trabalho, somado aos esforços de tantos anônimos. Fiz dessa cidade a minha casa e estou muito emocionado por estar aqui hoje. É muito gratificante me sentir parte da história desse lugar”.

Durante a cerimônia, os mais de 300 presentes puderam assistir à apresentação de música promovida pela Camerata de Violões da Secretaria de Educação (Seduc), que trouxe ao palco do Serafim Gonzalez apresentações de música espanhola e tangos. Homenageada por sua importância fundamental na história do Município, quando, em meados de 1975, promoveram um verdadeiro boom de imigração em Praia Grande, implantando as primeiras plantações de chuchu da Cidade e fazendo com que alcançasse o posto de maior exportador do legume do Estado, a colônia japonesa do Município foi representada pelo grupo de dança da professora Setsuko, que apresentou a Yotsudake, dança típica japonesa.

Os alunos da Sectur também prestaram suas homenagens, com a representação de um trecho da peça “Guilherme Augusto Araújo dos Santos”, de Mam Fox, abordando a importância da Memória. O aluno Vítor, do projeto Ritmos, também realizou um solo de violão, acompanhado por flauta doce.

Memórias de Praia Grande - Composto atualmente por 53 depoimentos individuais, o programa “Memórias de Praia Grande” disponibiliza, no Museu da Cidade um amplo acervo de livre acesso, que pode ser consultado nos estandes de história oral da sala. O programa, iniciado em 1999 pelo então CEPEM – Centro de Estudos e Pesquisa do Educador Municipal – até então sob coordenação da Secretaria de Educação (Seduc), e posteriormente desenvolvido pelo Centro de Documentação e Memória, Seção do Patrimônio Histórico da Sectur – é resultado de um extenso trabalho de pesquisa, coleta de informações e entrevistas com vários moradores da cidade, envolvidos direta ou indiretamente no processo de formação histórica de Praia Grande.

Com a missão de registrar e preservar a memória coletiva, captou-se momentos, olhares, percepções e sentimentos de moradores, desenhando uma História vista, narrada e construída sob ópticas personalistas, e apresentando um novo viés dos fatos e passagens importantes do Município. O resultado de doze anos de pesquisa hoje é apresentado em vídeos digitalizados, abertos à consulta pública. Outros depoimentos continuarão a ser coletados para a ampliação da Memória.